Em uma rara aparição pública em seu escritório nos subúrbios ocidentais de Tóquio, Hayao Miyazaki falou com jornalistas estrangeiros na segunda-feira sobre o seu novo filme.
O diretor confirmou que irá dirigir um curta animado em CG para o Museu Ghibli em Mitaka, Tóquio. Esta será sua primeira animação desde Vidas ao Vento, filme de 2013 indicado ao Oscar.
“Estou tentando fazer uma história sobre uma pequena lagarta, tão pequena que pode ser facilmente esmagada entre os dedos. Uma pequena lagarta agarrada a uma pequena folha”, disse ele, fazendo uma lacuna entre o polegar e o indicador com a largura de um lápis para indicar o seu tamanho.
“Nós apenas começamos a trabalhar nele”, disse Miyazaki. “Desta vez, nossa equipe de longa data vai atender a nova equipe do mundo da computação gráfica.”
O produtor Ghibli, Toshio Suzuki, disse na semana passada que o novo filme tinha sido planejado como uma crítica à industrialização moderna. E que, Boro, a Lagarta (Kemushi no Boro), terá cerca de 10 minutos de duração. “É o primeiro filme de Miyazaki totalmente gerado por computação gráfica”, confirmou.
Como um diretor de cinema, Miyazaki disse que quer focar nas noções básicas de vida ao longo de milhões de anos, em vez de vãos curtos da história.
A ideia para o filme surgiu mais precisamente em 1994, antes da produção de ‘Princesa Mononoke’. No entanto, Toshio Suzuki influenciou Miyazaki para produção de um filme de ação, argumentando que esta seria a última chance do diretor produzir uma obra do gênero, tendo em vista sua idade na época. Hayao Miyazaki então fez Princesa Mononoke que é, até hoje, considerada uma das maiores bilheterias do Japão.
Goro Miyazaki já havia revelado a notícia sobre o seu pai em um talk show dia 16 de Julho: “Agora, Hayao Miyazaki está tentando fazer um curta com CG para o Museu Ghibli.” O jovem Miyazaki também disse sobre seu pai: “Ele fica entediado quando seu objetivo é gerenciar [o Museu Ghibli], então ele precisa de coisas para trabalhar.”
Hayao Miyazaki, conhecido por seu estilo tradicional de animação, lamentou que o tempo mudou desde a época do desenho à mão para a animação por computador. “Nós já não usamos aquarela, e em breve a produção de alguns materiais vai parar. Eu não posso mais encontrar bons pincéis, e a qualidade de papel de desenho diminuiu”, disse ele. “Parece que o mundo está mudando fundamentalmente.”
O diretor não informou se o filme será exibido fora do Museu. Porém, tudo indica que não, visto que todos os demais curtas produzidos para o Museu Ghibli são exclusivamente exibidos lá.
Antes do lançamento de Vidas ao Vento no Japão, Hayao Miyazaki anunciou ao público sua aposentadoria dos longas metragens, deixando diversos fãs e admiradores tristes com a notícia. No entanto, afirmou que continuaria seu trabalho no Studio e Museu Ghibli, e iniciou um mangá de samurais para a revista japonesa Model Graphix.
O curta tem previsão de 3 anos para ser concluído.