Parece que Hayao Miyazaki não é o único diretor do Studio Ghibli que decide arregaçar as mangas. Agora foi a vez de Isao Takahata (Túmulo dos Vagalumes, O Conto da Princesa Kaguya) anunciar seu novo trabalho.
Durante o evento Forum des Images que aconteceu este sábado (12/11) na França, o diretor japonês, acompanhado de Michael Dudok de Wit, falaram a respeito do filme A Tartaruga Vermelha, coproduzido pelo Studio Ghibli e que tem sua previsão de estreia no Brasil em fevereiro do próximo ano.
As informações dadas é que seria um “pequeno projeto” do qual não foram reveladas muitas informações. Durante o encontro, os diretores falaram da parceria em A Tartaruga Vermelha, onde Takahata desempenhou o papel de produtor artístico.
O diretor holandês comentou na ocasião sobre seu contato com o Studio Ghibli, ainda em 2006, quando recebeu uma carta de Takahata que propôs uma colaboração entre ambos. Wit revelou que ficou eufórico e aceitou a proposta “em menos de meio segundo”.
Michael Dudok de Wit também acrescentou “Há uma palavra-chave: a sensibilidade. E eu gosto de filmes sensíveis. Quando o Sr. Takahata se ofereceu para trabalhar, eu queria me alimentar de sua sensibilidade, e fazer perguntas sobre a narrativa de movimentos, emoções… ”
Já Isao Takahata falou na ocasião que estava preocupado com esta colaboração, “por conta do grau de perfeição dos curtas-metragens” (de Dudok de Wit). Ele ainda complementa “foi um desafio com um misto de preocupação e ansiedade”.
O diretor de A Tartaruga Vermelha também discutiu o papel do Studio Ghibli no desenvolvimento de seu filme, além da produção, onde cita “Falamos sobre diferentes assuntos: escrita, emoção, simbolismo” e também “A Ghibli me apoiou durante a gravação, dando sugestões. É um estúdio que confia em seus autores, então eu pude ter a liberdade de decidir como realizaria o projeto. Foi fabuloso.”
Isao Takahata completa: “Assim que recebi o roteiro, todo o trabalho foi refletir, compreender a visão de Michael, sua sensibilidade. Com esta base, fizemos propostas. Algumas foram levadas em conta”.
A coerência gráfica da animação é forte. Isao Takahata explica: “Fiquei muito impressionado com a atmosfera visual, por estes traços tão particulares de Michael, mesmo que seja um trabalho coletivo. Os personagens orientam o espectador pela sua presença na tela.” e acrescenta “Sente-se a densidade visual da imagem, inclusive através da exploração de luz e sombra, onde você usa as sombras para sugerir luz “.
O encontro terminou com um breve bate papo com o público onde perguntaram o que o Sr. Takahata pensava da animação na televisão japonesa. “Eu não me sinto muito orgulhoso, eu assisto poucas animações e quando eu o faço, tenho uma sensação muito desagradável.” Ele, então, volta o assunto para o futuro da Ghibli através de outras possíveis colaborações: “Se o filme (A Tartaruga Vermelha) tivesse público, poderia ter mudado o panorama da animação japonesa. Mas o filme não teve o resultado desejado e, por conseguinte, nenhum impacto. No entanto, outro filme “Kimi no Na wa” [de Makoto Shinkai] tem tido um enorme sucesso e pode ter alguma influência.”
Isao Takahata finalizou dizendo que não era um desenhista e portanto, ao trabalhar com equipes, isso lhe possibilitava explorar diferentes estilos visuais, pois a falta de habilidade no desenho lhe dava a liberdade que os outros não necessariamente tinham. E especificou que em seu novo projeto, se beneficiaria dessa exploração de estilos. “Vamos ver se conseguimos fazer algo mais”.
Com a notícia do retorno de Miyazaki na produção de longas e o novo projeto de Takahata, podemos voltar a ter esperança de nos próximos anos poder ainda nos surpreender e nos emocionar com mais alguns trabalhos dos líderes criativos do Studio Ghibli.
E você, o que acha? Diga pra gente o que pensa sobre o retorno dos diretores aí nos comentários :)
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Amanda
Editora-chefe e a responsável pela Studio Ghibli Brasil. Faz a curadoria dos temas que são divulgados tanto aqui quanto nas redes sociais, escrevendo também as matérias para o site.
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