O remanescente da Studio Ghibli Inc., o gigante da animação Isao Takahata, diz que seu filme mais recente e, possivelmente o último, vai além dos limites da técnica de animação.

Kaguya-hime no Monogatari (O Conto da Princesa Kaguya) levou oito anos para ser feito pelo diretor Takahata, com então 78 anos de idade. Ele será lançado nos cinemas em todo o Japão no dia 23 de Novembro.

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O que diferencia Kaguya-hime no Monogatari de outras das obras de Takahata é a sua confiança de incorporar algumas das linhas de esboço a lápis nas células finais de animação. É o seu primeiro filme de longa-metragem em 14 anos.

“Eu acredito que fomos capazes de alcançar nosso objetivo de experimentar uma nova forma de expressão”, disse Takahata. “Eu sinto que este trabalho leva a animação à um passo a frente.”

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Ao contrário dos filmes de animação do passado que tiveram contornos e cores uniformes, as linhas ocasionalmente tornam-se turvas e alguns espaços não são coloridos em seu mais recente trabalho. Takahata explorou uma abordagem semelhante em seu longa-metragem anterior, Meus Vizinhos os Yamadas.

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“Eu quis criar ilustrações que tivessem a sensação de um esboço rápido que incorporasse os primeiros esquemas de cores que vieram à minha mente (quando os desenhei)”, explicou Takahata. “Eu queria aproveitar o poder das linhas vigorosas desenhadas pelos animadores e senti que a realidade seria melhor expressada através de esboços ao invés de desenhos detalhados. Acho que os telespectadores serão capazes de sentir a ‘autenticidade’ que se situa além das linhas, estimulando a sua imaginação e mexendo com suas memórias”.

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Takahata sempre foi conhecido pela quantidade de pensamento que ele põe ao expressar suas visões na tela. Isso pode ser uma das razões que levou tanto tempo para ser concluído Kaguya-hime no Monogatari.

Considerando sua idade e do tempo necessário para completar o trabalho de longa-metragem, o filme pode vir a ser a obra final de Takahata.

O roteiro do filme foi baseado no clássico conto popular japonês “Taketori Monogatari” (O conto do cortador de bambu). Trata-se de uma menina nascida a partir de um caule de bambu que cresce para se tornar uma linda princesa. No entanto, ela rejeita todas as propostas de casamento e, no final, decide voltar para a lua com uma escolta que foi encarregada de levá-la para casa.

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Enquanto o filme de animação segue o enredo geral do conto popular original, ele também inclui própria visão de Takahata sobre por que a princesa veio para a Terra em primeiro lugar.

Ele disse que originalmente teve essa idéia na fase de seus 20 anos, e tornou-a o ponto de partida para o filme.

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“A Lua é um mundo livre de problemas o que é muito perfeito”, disse Takahata. “Mas para a princesa, a Terra é um lugar ainda mais atraente devido às suas imperfeições e pelo fato de ser cheio de vida e cor.”

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Assim como seus trabalhos anteriores , como “Heidi, Girl of the Alps” e “Omohide poroporo”, que atende pelo título em Inglês “Only Yesterday”, Takahata mais uma vez destacou as paisagens e estilo de vida encontrados em áreas rurais em seu último filme.

No entanto, as ilustrações em “Kaguya-hime” são desenhadas em cores claras. Os personagens do filme são esboçados de forma semelhante.

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Kaguya-hime no Monogatari custou 5 bilhões de ienes (50 milhões de dólares) para ser feito, uma situação inédita para um filme japonês, seja ele animado ou live-action.

“Enquanto eu não pensar em dinheiro, estou realmente produzindo uma obra, o único problema que permanece após a conclusão é a forma de recuperar todos os custos”, disse Takahata.

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Quanto ao anúncio da aposentadoria de seu colega mais jovem, Takahata disse que não está totalmente convencido.

“Eu não detenho a responsabilidade pelo futuro do Ghibli e não sei como as coisas vão se sair”, disse Takahata. “No entanto, apesar de Hayao Miyazaki ter dito que estava se aposentando, eu sinto que há a possibilidade de que possa mudar de idéia. Eu me sinto assim porque eu trabalhei com ele por um tempo muito grande. Então eu não quero que as pessoas se surpreendam se isso acontecer.”

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Por ATSUSHI OHARA