Matéria original publicada no site SoraNews24
por Oona McGee.
Hayao Miyazaki. Foto: Divulgação
O produtor Toshio Suzuki nos deu a resposta.
SOBRE A POLÍTICA “SEM CORTES”
O Studio Ghibli é conhecido por proteger fortemente seus filmes de animação, chegando certa vez a enviar uma espada samurai com as seguintes palavras “sem cortes” para Harvey Weinstein, que queria fazer cortes no lançamento de Princesa Mononoke nos Estados Unidos.
O cofundador lendário do estúdio de animação que entrou e saiu de sua aposentadoria, o diretor Hayao Miyazaki, é também conhecido por seus comentários ácidos contra dispositivos eletrônicos e fãs de anime. Então, quando o Studio Ghibli simplesmente anunciou que estavam permitindo que praticamente todos os seus filmes fossem transmitidos pela Netflix, esta foi uma jogada inesperada que pegou muitos de surpresa.
Então, por que esse desejo repentino de compartilhar seus filmes online?
Leia: Confira a data de estreia dos filmes do Studio Ghibli na Netflix
Toshio Suzuki. Foto: Divulgação
Bem, de acordo com o amigo de longa data de Miyazaki, o cofundador e produtor do Studio Ghibli, Toshio Suzuki, tudo se resume a dinheiro.
DISTRIBUIÇÃO DIGITAL E HAYAO MIYAZAKI
Falando ao vivo num evento em 7 de março em Shibuya, Tóquio, Suzuki falou sobre a negociação da distribuição com a Netflix, dizendo: “Cinemas e DVD’s são importantes, mas eu acredito que a distribuição digital também seja”.
Ele prosseguiu dizendo que, uma vez cessada a proibição da distribuição digital dos filmes, ele conseguiu convencer Hayao Miyazaki a lançar as obras na Netflix dizendo “O dinheiro que isso traz pode cobrir os custos de produção do seu filme”.
Suzuki fez as revelações enquanto participava de uma sessão de bate-papo no HMV&Books em Shibuya para marcar a publicação de um livro de fotografias apresentando o Museu Ghibli, chamado “Ghibli Bijutsukan no Monogatari” ou “Contos do Museu Ghibli”.
Após falar sobre o novo livro, foram levantadas questões sobre o porquê do acordo de distribuição da Netflix, especialmente dadas as circunstâncias que Miyazaki havia expressado opiniões negativas sobre dispositivos eletrônicos como smartphones e iPads no passado.
Suzuki respondeu às perguntas em seu habitual jeito amigável e casual, revelando a verdadeira razão pela qual a “proibição” autoimposta foi levantada na distribuição digital.
“Hayao Miyazaki está atualmente fazendo um filme, mas está demorando bastante. Quando isso acontece, é normal que requeira uma boa quantia de dinheiro também. Eu disse a ele que isto poderia cobrir os custos da produção de seu filme. Quando eu disse isso, ele respondeu “Bom, então não há nada que eu possa fazer.”
Suzuki deu uma boa risada compartilhando a história de como ele persuadiu um dos mais teimosos e obstinados diretores de animação do país a consentir com a negociação da distribuição digital.
“Primeiramente, Hayao Miyazaki não sabe exatamente o que são serviços de streaming de vídeo como a Netflix. Ele não usa computador nem celular. Então, quando você menciona a distribuição digital, ele simplesmente não entende.”
Hayao Miyazaki no documentário The Kingdom of Dreams and Madness
As preocupações de Suzuki a respeito de finanças e distribuição vem naturalmente pra ele como produtor, então é compreensível que Miyazaki, no cargo de diretor, tenda a ser menos interessado nesses assuntos e mais consumido por seu processo criativo.
Então, por que escolheram a Netflix?
“Com a Netflix, começamos a ver novos filmes sendo produzidos para o serviço de streaming, o que eu acho interessante. Ao mesmo tempo, estão fazendo filmes de projetos que as empresas cinematográficas nunca teriam aceitado antes. Isso se deve à distribuição sob demanda, o que acho ser uma coisa realmente boa.”
O VERDADEIRO RESPONSÁVEL
Suzuki pareceu elogiar o serviço de streaming online e a forma como tem ampliado as fronteiras da produção de filmes com lançamentos originais nos últimos anos.
Sendo mais informado sobre as mudanças dinâmicas que acontecem na maneira como as pessoas assistem filmes nos dias de hoje, parece que temos que agradecer Suzuki por arrastar o famoso à-moda-antiga-Miyazaki para o mundo do streaming de vídeos online.
Vendo que Miyazaki saiu da aposentadoria para fazer o que ele diz ser seu último filme, esse projeto de estimação, que ele deseja que seja o legado que ele deixará para o seu neto, é tão querido em seu coração que ele até consentiu com a distribuição digital para vê-lo finalizado ainda em vida.
Leia: Studio Ghibli adiciona catálogo de trilhas sonoras ao Spotify
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Amanda
Editora-chefe e a responsável pela Studio Ghibli Brasil. Faz a curadoria dos temas que são divulgados tanto aqui quanto nas redes sociais, escrevendo também as matérias para o site.
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