Isao Takahata

Isao Takahata nasceu em Ujiyamada (agora Ise), província de Mie, Japão, em 29 de outubro de 1935, como o caçula de sete irmãos e o terceiro filho da família. Seu pai, Asajiro Takahata (1888–1984), era um diretor de escola secundária, que se tornou o chefe de educação da prefeitura de Okayama após a guerra. Em 29 de junho de 1945, quando Takahata tinha nove anos, ele e sua família sobreviveram a um grande ataque aéreo dos Estados Unidos na cidade de Okayama.

Takahata se formou na Universidade de Tóquio em 1959 com um diploma em literatura francesa. Durante esse período na escola, ele assistiu ao filme francês O Rei e o Pássaro, que o levou a se interessar por animação. Takahata estava mais interessado em animação como um meio e queria escrever e dirigir obras de animação, em vez de criar as próprias animações. Um amigo sugeriu que ele se candidatasse a um emprego de diretor na Toei Animation; Takahata passou no exame de admissão e foi contratado como diretor assistente para várias séries e filmes animados de televisão de Toei – incluindo Ken, O Menino Lobo, no qual ele foi orientado por Yasuo Otsuka. Otsuka finalmente pediu a Takahata para dirigir um filme de animação próprio; sua estreia na direção foi Horus: O Príncipe do Sol (1968). Otsuka atuou como diretor de animação no filme, enquanto outro funcionário da Toei, Hayao Miyazaki, atuou como animador principal. Embora mais tarde fosse reconhecido como uma das primeiras obras definidoras da animação japonesa moderna, o filme foi um fracasso comercial e Takahata foi rebaixado.

Incapaz de melhorar ainda mais sua posição na Toei, Takahata deixou o estúdio em 1971, junto com Miyazaki e Yoichi Kotabe. Takahata e Miyazaki tiveram a ideia de criar um longa-metragem de animação baseado nas histórias de Pippi Meialonga. Eles desenvolveram a ideia junto com “A Production”, um estúdio de animação formado por outro ex-animador da Toei, Daikichiro Kusube (a empresa se tornou Shin-Ei Animation). Takahata e Miyazaki haviam desenvolvido uma série de storyboards e voaram para a Suécia para se criar as cenas de locação, e se encontrar com a autora dos livros, Astrid Lindgren, e garantir os direitos do personagem. No entanto, eles não conseguiram chegar a um acordo com os detentores dos direitos e foram forçados a desistir do projeto. Takahata e Miyazaki permaneceram colaboradores em vários outros projetos de animação até a década de 1970, incluindo a produção da série de anime Lupin III Parte I, a pedido de Otsuka, devido às suas classificações baixas. Eles também fizeram o Panda Kopanda para o TMS nessa época, que utilizou alguns dos projetos e conceitos desenvolvidos para o projeto de Pippi.

Pouco tempo depois, Takahata, Kotabe e Miyazaki foram abordados pelo estúdio Zuiyo Enterprise para criar uma série animada baseada no romance Heidi, que resultou em Heidi, Garota dos Alpes (isso também incorporou alguns de seus trabalhos a partir do conceito Pippi Meialonga) A seção de produção de animação na Zuiyo foi estabelecida como uma empresa subsidiária chamada Zuiyo Eizo, tornando-se posteriormente a Nippon Animation, à qual Takahata e Miyazaki se juntaram. Takahata continuou a trabalhar na Nippon por cerca de uma década; seu trabalho lá incluiu uma adaptação de Anne of Green Gables ao World Masterpiece Theater em 1979, outro projeto que apresentava semelhanças temáticas com Pippi Meialonga.

Por volta de 1981, Takahata deixou a Nippon para se juntar à Telecom Animation Film Co., Ltd. (uma subsidiária da Tokyo Movie Shinsha ou TMS Entertainment), onde liderou a produção de um filme de animação baseado no mangá Jarinko Chie e um subsequente spin-off da televisão.

Por volta de 1982, a Telecom surgiu com a ideia de um filme de animação Little Nemo: Adventures in Slumberland, que adaptou o quadrinho de Little Nemo, que deveria apresentar uma direção conjunta entre técnicas de animação japonesa e americana. Enquanto Takahata e Miyazaki estavam originalmente envolvidos, eles optaram por deixar o projeto e a própria Telecom devido à discordância entre as direções do projeto japonês e americano.

Simultaneamente a esses eventos, Miyazaki estreou como diretor no longa-metragem de Lupin III, O Castelo de Cagliostro, em 1979, o que foi um sucesso de crítica. Inspirado por isso, Miyazaki começou a desenvolver seu próprio mangá, Nausicaä do Vale do Vento, e a dirigir sua adaptação cinematográfica de 1984, que também teve sucesso comercial e da crítica. Miyazaki abordou Takahata com a ideia de cofundar seu próprio estúdio de animação com base no sucesso de Nausicaä; O Studio Ghibli foi formado em 1985 por Miyazaki, Takahata e os colaboradores de Miyazaki, Toshio Suzuki e Yasuyoshi Tokuma.

O estúdio lançou principalmente filmes de animação dirigidos por Miyazaki, com Takahata atuando como produtor ou em outros papéis. Takahata também dirigiu vários filmes do Studio Ghibli. Seu primeiro, Túmulo dos Vagalumes, lançado em 1988. É baseado no conto semiautobiográfico Hotaru no Haka escrito por Akiyuki Nosaka, mas Takahata também foi parcialmente inspirado por suas próprias experiências com o bombardeio da cidade de Okayama. Túmulo dos Vagalumes recebeu elogios da crítica por seu impacto emocional e temas antiguerra, e é considerado o filme que estabeleceu a estima internacional do Studio Ghibli. Outros filmes de Ghibli que Takahata serviu como diretor incluíram Memórias de Ontem (1991) e Pom Poko (1994). Além de dirigir e produzir, ele também atuou como diretor musical de O Serviço de Entregas da Kiki (1989), dirigindo também Meus Vizinhos os Yamadas (1999)

Takahata anunciou que iria dirigir mais um filme para o Studio Ghibli, O Conto da Princesa Kaguya (2013). Quando o filme chegou aos mercados ocidentais no ano seguinte, foi indicado para Melhor Animação no 87º Oscar. Takahata continuou a trabalhar no Studio Ghibli, atuando como produtor artístico de A Tartaruga Vermelha (2016), o primeiro longa-metragem do animador e diretor holandês Michaël Dudok de Wit em colaboração com Ghibli. O filme estreou em setembro de 2016.

Takahata havia sido diagnosticado com câncer de pulmão e morreu em 5 de abril de 2018, em um hospital em Tóquio, aos 82 anos.

Em 15 de maio de 2018, foi realizada uma cerimônia de despedida para Takahata no Museu Ghibli em Tóquio. Hayao Miyazaki falou publicamente pela primeira vez sobre a morte de Takahata, dizendo “Eu estava convencido de que Paku-san [apelido de Takahata] viveria até os 95 anos de idade, mas ele infelizmente faleceu. Isso me faz pensar que meu tempo também é limitado…”. Obrigado, Paku-san. “

Takahata foi influenciado pelas obras de Paul Grimault, um animador francês, além de diretores franceses da New Wave, incluindo Jean-Luc Godard. Ele também foi influenciado pelo diretor canadense francês Frédéric Back, incluindo seus trabalhos Crac e O Homem Que Plantava Árvores. Ele achava importante ser capaz de alcançar o Trompe-l’oeil, a ilusão de três dimensões usando um meio bidimensional.

Os filmes de Takahata tiveram uma grande influência sobre Hayao Miyazaki, levando o animador Yasuo Otsuka a sugerir que Miyazaki aprendesse seu senso de responsabilidade social com Takahata e que sem ele, Miyazaki provavelmente estaria interessado em material de quadrinhos. Como Miyazaki, Takahata e Michel Ocelot eram grandes admiradores do trabalho uns dos outros. Ocelot nomeia Túmulo dos Vagalumes, de Takahata, e Pom Poko, entre seus filmes favoritos.